Calvin Klein: "uso roupas íntimas de outras marcas para testar"
"Sempre estive envolvido em assuntos e áreas com os quais outros estilistas não estavam preocupados"
Foto: Getty Images
Seu legado na moda é imenso e a marca continua a fazer sucesso, agora nas mãos do brasileiro Francisco Costa, no cargo de diretor de criação da marca, criada em 1968 e vendida para o grupo Philips Van-Heusen (PVH), em 2002. Mas a Calvin Klein ainda é imagem e alma de seu criador, que nesta semana concedeu uma entrevista num centro cultural americano, o 92Y, numa conversa com a consultora de moda Fern Mallis, que já foi uma das organizadoras da semana de moda de NY.
Confira os principais trechos, publicados pelo siteWWD.
Sobre sua vocação
"Minha mãe amava roupas. Amava cores neutras, tweeds. Minha avó era costureira de uma estilista na Sétima avenida e depois abriu sua própria loja. Eu soube desde os cinco anos exatamente o que iria fazer."
Primeiro emprego
"Meu primeiro emprego real foi criar casacos e ternos para uma empresa que fazia roupas convencionais."
Descoberta
"Decidi que enquanto estava empregado, poderia criar algumas amostras às noites e aos fins de semana e depois deixar o emprego. A empresa para a qual trabalhava descobriu o que andava fazendo e me despediu. Foi então que aluguei um pequeno quarto num hotel que alugava espaço para confecções e um dia entrou o gerente de marketing da Bonwitt Teller e eu mostrei a ele minhas roupas que disse: 'Mandarei um comprador aqui amanhã e no sábado você irá até a loja e mostrará as peças para o presidente'."
Sobre a criação de sua grife
"Nunca pensei em criar uma marca. Sempre tentei separar minha vida do nome da empresa. Mas sabia que queria criar algo que durasse mais do que o tempo em que estivesse envolvido nele. Queria fazer coisas diferentes e comecei a fazer anúncios em revistas. Então, sempre estive envolvido em assuntos e áreas com os quais outros estilistas não estavam preocupados."
Primeiro licenciamento
"Estava no Studio 54 às 4h da manhã e um homem me perguntou se gostaria de ter meu nome em uma linha de calças jeans. Havia Lee, Levi's e Wrangler e achei que poderia ser divertido. Gostei da ideia de atingir muita gente porque as roupas que fazia, devido aos preços, chegavam a poucas pessoas."
Moda íntima
"Uso roupas íntimas de outras marcas também porque quero testar a concorrência."
O perfume Obsession
"Era obcecado de qualquer jeito. A palavra 'obsessão' lembra a mim mesmo e a meus amigos, obcecados pelo trabalho e sucesso."
Sobre Kate Moss, que posou para campanhas da grife a partir de 1992
"Muitas mulheres estavam colocando implantes nos seios e fazendo algo com as nádegas também. Isso estava saindo do controle. Achei tudo isso horrível. Queria alguém que parecesse natural, magra. Procurava por algo totalmente oposto ao tipo glamouroso que veio antes de Kate."
Venda da marca
"Fui consultor por três anos e fiz muito mais nesse período do que achei que faria. Então me perguntaram se ficaria, mas achei melhor sair e desfrutar de um novo período na minha vida."
Conselho para novos estilistas
"É preciso ter uma visão. Qualquer designer precisa dizer algo diferente do que está sendo dito. E precisa ser convincente. Mesmo que não seja confiante, aja como se estivesse. É a única maneira de convencer as pessoas sobre algo em que acredita. E não é fácil."
Opinião sobre a marca hoje
"Algumas vezes quando vejo anúncios ou roupas penso 'Se fosse eu, faria diferente'. Mas não estou fazendo, não estou no controle. Quando não se pode controlar algo, por que ficar aborrecido com isso?"
Longe da marca
"Família e amigos são o que tornam a vida completa. Dediquei grande parte da minha vida ao trabalho e sou muito feliz por isso. Mas sou pai. Marcy e eu temos agora uma excelente relação. Conheci alguém e me apaixonei. Estou agora desfrutando da vida de uma nova maneira."
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